O texto a seguir é uma tradução do original da Dr. Tasha Oswald.
Muitos indivíduos, especialmente mulheres, com autismo de nível 1 recebem um diagnóstico após passarem pelo Burnout Autista e passarem por uma avaliação neuropsicológica. Tal como acontece com muitas coisas relacionadas ao autismo e à neurodiversidade, o esgotamento autista costuma ser mal compreendido. Então, hoje quero dedicar um momento para discutir o esgotamento autista com mais detalhes.
O que é Burnout Autista?
O Burnout autista é uma experiência relativamente comum que muitos adultos com autismo de alto desempenho experimentam quando se esforçam para mascarar seus traços autistas e se encaixar no mundo neurotípico ao seu redor. Depois de afastar suas reações emocionais e físicas a estímulos sensoriais desconfortáveis, seu corpo e mente ficam sobrecarregados e eles se fecham (Shutdown). Muitas vezes, isso causa uma perda de habilidades também.
Tenha em mente que o esgotamento autista e os eventos que o desencadeiam são exclusivos da pessoa que o experimenta. No entanto, existem alguns comportamentos característicos comuns que indicam esgotamento autista.
Alguns sinais comuns de esgotamento autista incluem:
Sentir que não aguenta mais
Exaustão
Sintomas depressivos: sentimentos de inutilidade, tristeza, perda de interesse em coisas que costumava gostar, etc.
Irritabilidade
Regressão em habilidades que você já possuía (fala, habilidades cognitivas, habilidades de funcionamento executivo, autocontrole etc.)
Retraimento social
Maior sensibilidade a estímulos
Aumento do comportamento autista “comum” (comportamento autotranqüilizante, comportamento repetitivo, stimming, etc.)
A diferença entre um Meltdown (colapso) e um Burnout Autista:
De muitas maneiras, um Meltdown autista imita o esgotamento. No entanto, os colapsos acontecem com mais frequência durante a infância e podem durar de minutos a horas. Os Meltdown autistas podem ser externos e incluir comportamento agressivo, agitação ou respostas emocionais extremas. De muitas maneiras, experimentar um Meltdown é como pegar uma onda. Depois de pegar a onda, você só precisa surfá-la. Além disso, Meltdown acontecem com indivíduos no espectro do autismo com qualquer nível de habilidade cognitiva. À medida que uma pessoa autista envelhece, os colapsos podem se tornar mais um processo interno em que eles se fecham (Shutdown). O indivíduo se retrai para lidar com o sofrimento e pode se tornar não-verbal, retraído ou sem emoção.
A principal diferença entre um Meltdown e o Burnout Autista é que o esgotamento geralmente é mais duradouro. Na maioria dos casos, dura semanas ou até meses. Conheço muitas pessoas que tiveram de deixar o emprego, a escola ou tirar licença médica por estarem muito esgotadas.
O que fazer quando você percebe que algo não está certo...
Muitos indivíduos com autismo, especialmente mulheres com autismo altamente funcionais, não recebem diagnósticos até mais tarde na vida. Eles podem perceber que são diferentes ou se sentir como um alienígena de outro planeta, mas não sabem ao certo por quê. Então, quando ocorre o esgotamento autista, eles geralmente não sabem o que está acontecendo. Pode ser extremamente assustador para eles e para as pessoas que os amam. Algumas pessoas me disseram que se trancaram em seus quartos e se recusaram a falar com outras pessoas. Ou eles tiveram que ficar em um espaço escuro e não conseguiram se mover porque todos os estímulos eram demais. Às vezes, eles relatam tentar lidar com outras formas potencialmente perigosas, como beber, fumar ou comportamento auto-lesivo. Mesmo que eles queiram pedir ajuda, eles não conseguem.
Se você está passando por um esgotamento autista, reserve um tempo para reiniciar (re-boot). Seu cérebro ficou offline e seu corpo seguiu o exemplo. Forçar-se ainda mais é inútil. Dê a si mesmo um pouco de compaixão e compreensão durante este período difícil. Modere suas expectativas para si mesmo e faça coisas que o deixem aliviado ou feliz. Isso pode ser passar um tempo com seu amado animal de estimação, dedicar-se ao seu hobby ou interesse especial ou simplesmente desligar-se de qualquer estímulo.
Então, quando estiver pronto, procure o apoio de um profissional de saúde mental. Se você ainda não recebeu um diagnóstico formal, pode ser hora de considerar uma avaliação neuropsicológica. Ou talvez seu plano de terapia para autismo precise ser ajustado. Talvez você se beneficie de estar conectado com outros indivíduos neurodiversos em um grupo de apoio a autistas para poder falar sobre as experiências que teve com pessoas que realmente entenderão.
A prevenção é a chave para o Burnout Autista.
Quando você se recuperar do Burnout Autista, eu o encorajaria a considerar medidas preventivas. Pense no que você pode fazer ou em quais sistemas pode implementar em sua vida para diminuir a frequência ou a gravidade desses episódios.
Pense em quando e por que você sentiu que precisava mascarar seu autismo? Você se sentiu inseguro? Você estava preocupado em ser julgado ou envergonhado? Você se sentiu invalidado ou incompreendido? Então, quero que você pense sobre os possíveis apoios que poderia usar se estivesse na mesma situação ou em uma situação semelhante em que sentisse uma pressão imensa para se encaixar. Talvez você possa oferecer aos outros uma minidivulgação para ajudá-los a entender você melhor. Ou você pode conversar com seu supervisor no trabalho sobre acomodações para usar quando se sentir sobrecarregado. Talvez você precise repensar sua rotina e sua agenda para permitir mais tempo para o autocuidado. Ou talvez você precise aprender a se defender e advogar para que suas necessidades sejam atendidas.
Saiba mais sobre o Burnout Autista assistindo o vídeo :
Nota: No texto original tem também sobre as terapias oferecidas pela Opendoorstherapy no estado da Califórnia, para ajudar autistas e aqueles que estão passando pelo Burnout Autista,
Texto Original em: https://opendoorstherapy.com/autistic-burnout-autism-therapy/
